A missão empresarial da CNI a Washington, em setembro de 2025, ocorre em um momento decisivo para a indústria brasileira. Com tarifas norte-americanas impostas sob a Seção 301 da Lei de Comércio dos EUA incidindo sobre diversos produtos, a agenda busca reduzir barreiras, restaurar previsibilidade e proteger a competitividade das exportações brasileiras.
Objetivos da missão empresarial da CNI
A missão tem foco em três frentes convergentes:
- Diálogo diplomático técnico entre setor produtivo, governo brasileiro e autoridades americanas;
- Apresentação de propostas e pleitos setoriais para exceções, exclusões ou alívios às tarifas da Seção 301;
- Reforço da previsibilidade jurídica e regulatória, elemento-chave para decisões de investimento, contratos e cadeias de suprimentos.
Em linhas gerais, a missão empresarial da CNI busca alinhar evidências econômicas e setoriais ao processo decisório dos EUA, mostrando impactos das tarifas tanto no Brasil quanto no mercado americano.
Agenda oficial em Washington
- Reuniões na Embaixada do Brasil em Washington: coordenação de mensagens, alinhamento de dados e apoio institucional às demandas dos setores.
- Audiência pública junto ao USTR (United States Trade Representative): foco na Seção 301, instrumento sob o qual foram impostas tarifas a exportações brasileiras. A pauta prioriza exceções por produto/uso final, harmonização técnica e mitigação de distorções em cadeias críticas.
Nota técnica: a Seção 301 autoriza a aplicação de medidas comerciais quando práticas estrangeiras são consideradas injustas. No cenário atual, o objetivo brasileiro é evidenciar efeitos colaterais e negociar flexibilizações.
Participantes da comitiva
A delegação reúne entidades e empresas com forte representatividade setorial e regional:
- Associações setoriais: Abrinq, Abimaq, Abit, Abal, Abiec, Abimci, Cecafé, ABFA, Anfacer, CentroRochas, CICB.
- Federações industriais: Fieg, Fiesc (entre outras federações estaduais ligadas à CNI).
- Empresas: Tupy, Embraer, Stefanini, Novelis, Siemens Energy.
A diversidade da comitiva permite mapear impactos por cadeia (manufatura, agroindústria, base florestal, rochas ornamentais, couro, café, cerâmica, aeroespacial, metalurgia, tecnologia), oferecendo evidências granulares ao debate.
Estratégia e posicionamento da CNI
Segundo o presidente Ricardo Alban, a estratégia combina sensibilização técnica, propostas concretas e busca por exceções às tarifas da Seção 301, sempre com ênfase em segurança jurídica. Os pilares:
- Rapidez e transparência na condução dos pleitos e na comunicação dos impactos;
- Propostas factíveis (ex.: exclusões temporárias, comprovação de uso final, ajustes de classificação);
- Previsibilidade como condição para manutenção de empregos, contratos e investimentos.
Impactos esperados e próximos passos
Além da agenda imediata com os EUA, a missão empresarial da CNI destaca a importância de:
- Diversificar mercados (Mercosul, União Europeia e outros destinos), reduzindo exposição a choques tarifários;
- Ampliar acordos e facilitação comercial, destravando barreiras não tarifárias e convergência regulatória;
- Reforçar competitividade doméstica (logística, financiamento à exportação, certificações, P&D e valor agregado).
Essa combinação mitiga riscos de curto prazo e abre alternativas de médio prazo para o exportador brasileiro.
Conclusão: por que a missão importa para 2025
A missão empresarial da CNI é um passo estratégico para defender a indústria nacional, fortalecer a diplomacia econômica e gerar competitividade ao Brasil. Ao articular dados setoriais, argumentos técnicos e diálogo institucional com o USTR, a comitiva aumenta as chances de redução ou exceção tarifária, ao mesmo tempo em que acelera a agenda de diversificação de mercados e previsibilidade regulatória.
Para empresários e exportadores, o recado é claro: preparem-se para cenários alternativos (com e sem alívio tarifário), ampliem portfólios de destino e elevem valor agregado com certificações e serviços. Independentemente do desfecho imediato, a coordenação entre setor privado e governo definirá a resiliência das exportações brasileiras em 2025 e além.