Midjourney e direitos autorais: Disney e Universal abrem processo que pode mudar a IA generativa

17 de junho de 2025
3 min de Leitura

O embate entre inteligência artificial generativa e direitos autorais acaba de ganhar um novo capítulo de peso. As gigantes do entretenimento Disney e Comcast (dona da Universal) entraram com uma ação judicial contra a Midjourney, ferramenta popular de criação de imagens com IA, alegando uso indevido de personagens protegidos por copyright, como Darth Vader, Elsa, Shrek e os Minions.

Registrado na Corte Distrital de Los Angeles, o processo possui mais de 110 páginas e apresenta dezenas de comparações visuais entre as imagens originais e as geradas por IA. O caso promete reverberar globalmente, impactando a forma como ferramentas de IA são treinadas, utilizadas e reguladas em relação a conteúdos protegidos por propriedade intelectual.

Os argumentos da Disney e Universal contra a Midjourney

As empresas alegam que a Midjourney:

  • Utilizou imagens protegidas por direitos autorais para treinar seu modelo de IA, sem qualquer autorização;
  • Gera imagens “claramente derivadas” de obras protegidas, o que configura infração direta à propriedade intelectual;
  • Ignorou notificações extrajudiciais anteriores, mantendo o sistema ativo mesmo após alertas formais;
  • Concorre injustamente com o trabalho humano criativo, ao permitir a reprodução de obras sem o devido licenciamento.

A ação solicita:

  • Indenizações de até US$ 150 mil por infração, o que pode resultar em multas multimilionárias;
  • Medidas cautelares que impeçam a Midjourney de permitir a criação de imagens com personagens protegidos;
  • A remoção de conteúdos já gerados e treinamento futuro baseado apenas em material licenciado.

A posição da Midjourney (ou o silêncio estratégico até o momento)

Até o momento da publicação deste artigo, a Midjourney não se pronunciou publicamente sobre o processo movido por Disney e Universal.

Especialistas avaliam que a empresa pode estar preparando uma defesa jurídica baseada no argumento de “fair use” (uso justo), um conceito do direito autoral norte-americano que permite usos limitados de obras protegidas sem permissão prévia — mas cuja aplicação à IA ainda é controversa.

O que é “fair use” e como ele se aplica à IA?

O “fair use” (uso justo) é uma doutrina da legislação dos EUA que permite o uso limitado de material protegido sem permissão, desde que atenda a critérios como:

  • Propósito educacional, paródia ou crítica;
  • Transformatividade da obra (se foi modificada de forma significativa);
  • Impacto comercial sobre a obra original.

No entanto, aplicar esse conceito à IA generativa levanta dúvidas complexas:

  • Treinar modelos com milhões de obras protegidas é transformativo?
  • As imagens geradas realmente alteram a essência do conteúdo original?
  • O uso comercial da IA anula o argumento de “uso justo”?

A jurisprudência sobre o tema ainda é incipiente, e o caso Midjourney x Disney/Universal pode se tornar um marco regulatório global, com efeitos além dos Estados Unidos.

Impactos para o mercado de IA, criadores e desenvolvedores

Se a ação judicial for bem-sucedida, as consequências serão amplas para o ecossistema de inteligência artificial:

• Para desenvolvedores de IA

Haverá pressão para utilizar bancos de dados licenciados ou obras em domínio público, o que aumenta o custo e limita o escopo de geração.

• Para agências e profissionais de design

O uso de IA em projetos comerciais precisará passar por filtros jurídicos e criativos, com atenção redobrada à originalidade e direitos autorais.

• Para criadores de conteúdo e influenciadores

Gerar imagens com IA inspiradas em personagens famosos poderá se tornar legalmente arriscado, mesmo para fins não comerciais.

• Para o debate regulatório global

O caso pode influenciar diretamente propostas legislativas como o AI Act na Europa, ou o avanço de marcos regulatórios no Brasil e América Latina.

FAQ: Midjourney e direitos autorais — dúvidas comuns

O que é fair use e como se aplica à IA?

Fair use é uma exceção aos direitos autorais nos EUA. Em IA, ainda não está claro se o treinamento com material protegido se encaixa nessa doutrina, já que o uso é massivo e automatizado.

A Midjourney pode ser proibida de gerar certos conteúdos?

Sim. A Justiça pode determinar bloqueios técnicos ou filtros que impeçam a geração de imagens baseadas em personagens específicos.

Isso impacta o uso de IA em marketing e design?

Muito. Agências e marcas devem revisar suas diretrizes de uso de IA para evitar exposição legal ao utilizar imagens derivadas de propriedades intelectuais famosas.

Ferramentas como DALL·E ou Stable Diffusion também correm risco?

Sim. Embora a ação atual seja contra a Midjourney, outras ferramentas que usam datasets semelhantes podem ser alvos futuros — ou mudar preventivamente suas práticas.

Quais os riscos legais ao usar IA com personagens famosos?

Multas, processos por uso indevido, bloqueio de campanhas e danos à reputação. Mesmo em contextos artísticos, o uso pode ser considerado ilegal se afetar o valor econômico da obra original.

Agora é a hora de revisar políticas e práticas

Se você trabalha com IA, desenvolve projetos com imagens geradas por IA ou está envolvido com comunicação visual e criatividade digital, este é o momento de:

  • Avaliar os termos de uso das ferramentas que utiliza;
  • Consultar especialistas em direito digital e propriedade intelectual;
  • Evitar a geração de conteúdos que reproduzam personagens protegidos ou marcas registradas sem permissão.

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