Em 2025, os desafios do ESG no Brasil se tornaram mais evidentes do que nunca. Segundo levantamento recente, apenas 83% dos executivos afirmam manter adesão ativa às práticas de ESG — o menor índice desde o início da série histórica. A queda reflete um novo cenário corporativo em que o compromisso ambiental, social e de governança enfrenta ceticismo, cortes orçamentários e desengajamento interno, mesmo em empresas que ainda mantêm o discurso institucional alinhado com a agenda.
A chamada “onda anti-ESG” ganhou força, influenciando a percepção de líderes e a priorização de investimentos. Neste artigo, analisamos os motivos dessa retração, os riscos para as organizações e o que ainda diferencia as empresas que permanecem sólidas em sua jornada ESG.
A onda anti-ESG: resistência crescente nas lideranças
Em 2025, 66% dos executivos brasileiros afirmam que o ESG perdeu relevância dentro de suas organizações. O número é ainda mais alarmante em grandes empresas: 71% dos líderes enxergam a pauta como secundária.
Esse movimento acompanha uma tendência global de questionamento sobre o real impacto do ESG, potencializada por pressões políticas, econômicas e até culturais. Há um sentimento entre alguns setores de que o ESG representa mais custo do que benefício, especialmente em momentos de instabilidade econômica ou transição de governo.
Conhecimento técnico escasso: um risco estratégico subestimado
Outro dado preocupante é o baixo nível de conhecimento técnico sobre ESG entre lideranças empresariais:
- Apenas 13% afirmam ter conhecimento avançado sobre o tema;
- O número de líderes sem nenhuma familiaridade com ESG dobrou em um ano.
A falta de domínio técnico compromete a implementação efetiva de políticas ESG e aumenta o risco de decisões mal embasadas, comunicações inconsistentes e iniciativas sem impacto mensurável. Também expõe empresas a crises reputacionais, especialmente quando há um descompasso entre o discurso público e a prática interna.
Impacto direto: cortes e suspensões de projetos ESG
Mais da metade das empresas analisadas em 2025 interromperam ou cortaram iniciativas ESG. As áreas mais afetadas foram:
- Treinamentos internos sobre sustentabilidade e inclusão;
- Contratações voltadas à diversidade;
- Parcerias com impacto social;
- Ações de comunicação institucional com foco ESG.
Esses cortes, em muitos casos, foram acompanhados de redução de orçamentos e desmobilização de equipes dedicadas à agenda ESG, o que prejudica a continuidade e profundidade dos programas.
Entre o branding e a operação: o ESG como narrativa vazia
Embora muitas empresas mantenham o discurso ESG em seus canais institucionais, a desconexão com a prática cotidiana é crescente. Essa incoerência entre marketing e operação mina a credibilidade da organização e pode ser percebida como greenwashing ou social washing — ou seja, uma tentativa de parecer sustentável ou socialmente responsável sem de fato sê-lo.
Em um cenário de maior escrutínio público e acesso à informação, a reputação construída com narrativas vazias é frágil e de alto risco. Investidores, talentos e consumidores estão mais atentos à coerência entre o que se promete e o que se faz.
Referências de excelência: quem continua liderando com propósito
Apesar dos desafios, algumas empresas seguem se destacando por manter o ESG como pilar estratégico real, integrando ações à cultura, ao negócio e à inovação:
• Gerdau
Avançou na descarbonização da produção de aço e em ações de inclusão social com impacto em comunidades onde atua.
• Suzano
Investiu em biodiversidade, bioeconomia e educação, com metas mensuráveis ligadas à preservação ambiental e justiça social.
• Natura &Co
Mantém foco histórico em sustentabilidade na cadeia de valor, com políticas de rastreabilidade, diversidade e consumo consciente.
• Ambev
Ampliou programas de economia circular, uso de energia renovável e incentivo ao empreendedorismo local.
• Banco do Brasil
Consolidou critérios ESG no processo de concessão de crédito e lançou produtos financeiros com foco em impacto social.
Essas organizações mostram que, mesmo diante de cenários adversos, é possível conciliar propósito, performance e perenidade estratégica.
FAQ: Perguntas frequentes sobre os desafios do ESG no Brasil
• O ESG está perdendo força no Brasil?
Não necessariamente. Há uma retração no engajamento e investimentos em parte do setor privado, mas também há um movimento de refinamento e amadurecimento da agenda em empresas mais preparadas.
• Vale a pena investir em ESG em 2025?
Sim. ESG bem estruturado aumenta a atratividade da marca, reduz riscos regulatórios, fideliza talentos e melhora o relacionamento com stakeholders.
• Como transformar ESG em pilar estratégico real?
É essencial integrar ESG à governança corporativa, alinhar indicadores com os objetivos do negócio e envolver todas as áreas da empresa — não apenas marketing ou sustentabilidade.
• Quais áreas são mais impactadas por cortes em ESG?
Treinamentos, ações sociais, diversidade e comunicação são as primeiras a sofrer cortes quando o ESG não está ligado diretamente à estratégia central da empresa.
• O que diferencia empresas que mantêm a excelência em ESG?
Comprometimento da liderança, metas claras, monitoramento constante e conexão genuína com propósito. Empresas excelentes veem o ESG como motor de inovação e competitividade, não apenas como obrigação reputacional.